Doença viral do trato respiratório superior felina
A doença viral do trato respiratório superior felino é caracterizada pelos sinais de rinosinusite, conjuntivite, lacrimejamento, salivação, e/ou ulcerações oral. Os principais agentes causadores são os herpesvírus felino tipo 1 (FHV-1 ) e calicivírus felino (FCV). Estes vírus são específicos do hospedeiro e não causam risco conhecido em humanos. Outros agentes infecciosos (ex. Bordetella bronchiseptica, mycoplasma spp., reovírus) também podem estar envolvidos causando sinais similares de doença respiratória, porém acredita-se que em torno de 80% dos casos sejam devidos a FHV-1, FCV ou infecção dupla com ambos agentes.
FCV
Etiologia e Patogênese
FCV éumvírus RNA de cadeia única pequeno que é suscetível à maioria dos desinfetantes comuns. É relativamente resistente às condições ambientais e pode sobreviver até um mês no ambiente, embora em muitos casos provavelmente não sobreviva mais de 7 a 14 dias. Uma característica do FCV éadequeele sofre mutação imediatamente durante a replicação produzindo diversas cepas de vírus que existem no campo, algumas das quais são mais patogênicas do que as outras. OFCVévertido pelas secreções oral e nasal durante a doença aguda. Após a recuperação clínica, a maioria dos gatos continua a abrigar o vírus por pelo menos um mês e alguns continuam a abrigá-lo por vários anos. A infecção por calcivírus felina está disseminada na população geral de gatos. A prevalência da infecção é em grande parte proporcional ao número de gatos no ambiente doméstico, variando de 10% para animais domésticos mantidos em pequenos grupos até 40% em algumas colônias maiores. A transmissão da infecção é mais frequentemente via contato direto com a saliva, secreções oculares ou nasal ou inalação de aerossóis. No entanto, uma vez que o vírus pode sobreviver por algum tempo no ambiente, a transmissão também é possível via fômites infectados tais como tigelas de comida, local de excrementos, estrado e equipamento de escovação. Após a infecção via rota nasal, oral ou conjuntiva ocorre uma viremia transitória 3 a 4 dias depois e o vírus pode então ser detectado em vários outros tecidos. Normalmente o FCV induz os sinais de doença do trato respiratório superior e ulceração lingual. No entanto o FCV também pode causar outras manifestações da doença tais como claudicação, devido à sinovite aguda e, mais recentemente, algumas cepas de FCV mostraram ser a causa de uma condição sistêmica muito mais grave, possivelmente fatal envolvendo a vasculite disseminada com envolvimento múltiplo dos órgãos referente à doença sistêmica virulenta.
FHV-1
Resultados Clínicos e Patológicos
O FHV-1 é um vírus de DNA de cadeia dupla encapsulado que é prontamente desativado pela
maioria dos desinfetantes, antissépticos e detergentes disponíveis a venda. É relativamente
frágil e provavelmente só sobrevive por 1 -2 dias no meio-ambiente. Existe como sorotipo único
embora a virulência possa variar entre diferentes isolados.
O FHV-1 é vertido pelas secreções oral, nasal ou ocular em gatos clinicamente afetados. A
excreção viral se inicia em 24 horas após a infecção e dura por 1 a 3 semanas. Após a infecção,
virtualmente todos os gatos continuarão infectados de forma latente, tornando-se portadores do
vírus durante toda a vida. Alguns desses gatos verterão o vírus novamente de forma
intermitente, normalmente após episódios de estresse ou imunossupressão. Juntamente com a
reativação do derramamento, alguns gatos também vão desenvolver recrudescimento dos sinais
clínicos.
A prevalência do derramamento viral varia de menos de 1% em ambientes domésticos com
poucos indivíduos saudáveis a 20% entre grupos maiores, especialmente onde a doença clínica
está presente. A real prevalência da infecção certamente será muito maior devido aos gatos
infectados de forma latente não verterem vírus no momento da amostragem. A transmissão da
infecção é em grande parte via contato direto com saliva, secreções ocular ou nasal ou inalação
de aerossóis.
O vírus infecta via rotas nasal, oral ou conjuntiva. Durante a infecção, o vírus se espalha ao
longo dos nervos sensoriais e alcança os neurônios, de modo particular os gânglios trigêmeos,
que são os centros principais de latência.
Resultados clínicos e patológicos
A doença aguda do trato respiratório superior é a manifestação mais frequente da infecção por
FHV. Os sinais respiratórios causados pelo FHV-1 são amplamente parecidos, mas geralmente
mais graves do que aqueles causados pelo FCV. Os sinais típicos incluem conjuntivite, secreção
ocular, espirro, secreção nasal, salivação, faringite, letargia, febre, anorexia e às vezes tosse.
Esses sinais duram por poucos dias a poucas semanas.
Uma manifestação menos comum da infecção crônica por FHV é a conjuntivite e a ceratite. A
infecção por FHV causa o desenvolvimento de pequenas ramificações ulcerosas múltiplas da
córnea (conhecidas como ‘ceratite dentrítica’) que são consideradas como diagnóstico da
infecção por FHV. Raramente, a infecção crônica por FHV pode resultar em inflamação cutânea
e ulceração. Isso é observado com mais frequência em volta do nariz e da boca, mas pode
afetar outras áreas tais como as patas dianteiras.
Diagnóstico
Na maioria dos casos, não haverá necessidade de um diagnóstico específico da infecção por
FCV ou FHV-1. A presença dos sinais respiratórios superiores comuns é o suficiente para um
diagnóstico presumível da infecção por FCV e/ou FHV-1. Os sinais de ulceração oral e sinais
respiratórios mais brandos tendem a sugerir o envolvimento do FCV ao passo que a
enfermidade respiratória mais severa e os sinais de ceratite podem sugerir o envolvimento do
FHV-1. Se houver a necessidade de um diagnóstico específico, esfregaços ocular ou oral podem
ser enviados para cultura viral ou, como é mais frequente nos dias atuais, a detecção PCR. A
detecção do vírus nas biópsias cutâneas e podem ser úteis para o diagnóstico de dermatites
relacionadas ao FHV.
Fonte: Manual de veterinária da Merck
Veja também
Doença Respiratória Infecciosa Canina
A Doença Respiratória Infecciosa Canina é uma enfermidade altamente contagiosa. Aprenda como proteger o seu cão.
Luta global contra a Raiva
A MSD Saúde Animal está em uma parceria com o projeto Afya Serengeti para contribuir com a erradicação da raiva e salvar vidas na África, através da doação de vacinas.
Por que precisamos vacinar?
Estabelecer fortes laços entre os veterinários e proprietários através de informações sobre a importância e os benefícios de um procedimento de imunização correto.